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  • Foto do escritorFelipe Xavier

Para Além dos 50: Divórcio Grisalho e a Onda de Mudanças na Sociedade.

Divórcio Grisalho

Descortina-se uma transformação discreta, mas marcante, na sociedade atual: o “divórcio grisalho”. Casais com mais de 50 anos estão desafiando expectativas, encerrando décadas de vida conjunta em busca de autonomia e felicidade. Neste cenário, longevidade, transformações sociais e a busca por satisfação individual convergem, revelando uma narrativa intrigante sobre o envelhecer para além dos 50 anos.

 

O fenômeno do “divórcio grisalho” está varrendo nossa sociedade como uma onda de mudanças ousadas e inesperadas. Imagine só: casais com 50 anos ou mais, que decidem encerrar décadas de vida conjunta, estão aumentando em números surpreendentes.


Proponho explorarmos as razões por trás dessa decisão que está agitando as águas. A longevidade e a melhoria na saúde mental e física estão impulsionando essa mudança. A expectativa de vida mais longa, aliada à transformação nas percepções sociais sobre o divórcio, cria um ambiente no qual as pessoas, ao chegarem à terceira idade, sentem-se livres para buscar a felicidade e satisfazer suas necessidades emocionais.


A pesquisadora americana Susan L. Brown traz à luz a magnitude desse fenômeno, apontando que nos Estados Unidos, o número de divórcios grisalhos dobrou entre 1990 e 2010. Uma mudança marcante, considerando que menos de 10% dos divórcios envolviam cônjuges com mais de 50 anos uma geração atrás. Hoje, mais de 25% dos divorciados nos EUA pertencem a essa faixa etária.


E o Brasil não fica para trás, com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrando que 25,9% das pessoas que se divorciaram em 2021 tinham mais de 50 anos. Uma porcentagem que aumentou em relação a 2019, quando era de 25,2%.


O fenômeno não se limita aos Estados Unidos e ao Brasil; países como México e Espanha também relatam um aumento notável nos divórcios entre pessoas com mais de 50 anos. O México viu um salto de 10.531 para 28.272 divórcios nessa faixa etária em uma década, enquanto na Espanha, 34.449 pessoas com mais de 50 anos se divorciaram em 2021, comparadas a 24.894 em 2013.


As razões para esses divórcios não estão atreladas a eventos específicos, mas sim ao distanciamento gradual entre os cônjuges, à medida que enfrentam importantes transições de vida, como a aposentadoria e a saída dos filhos de casa. Com a diminuição das obrigações familiares e profissionais, muitos casais descobrem que têm pouco em comum.


A independência das mulheres desempenha um papel significativo nesse fenômeno. As mulheres modernas, ao contrário de suas avós, não sentem a mesma necessidade de tolerar situações infelizes. A mudança nos modelos de família, em que um cônjuge não precisa mais depender financeiramente do outro, aumenta a disposição para buscar a felicidade individual.


Como advogado, vivenciei de perto a coragem de pessoas que buscam a emancipação na terceira idade. Recentemente, tive a experiência de ajuizar uma ação de divórcio grisalho para uma cliente que vivia há anos sob uma relação abusiva. Com o apoio dos filhos, ela tomou a decisão corajosa de buscar a realização do divórcio, que foi conduzido litigiosamente.


Em resumo, o “divórcio grisalho” é uma reviravolta fascinante que reflete mudanças nas expectativas de vida, nas percepções sociais sobre o divórcio e na busca crescente por autonomia e felicidade na terceira idade. Essa tendência não é apenas uma mudança nos relacionamentos; é uma expressão corajosa da busca pela felicidade, mesmo após décadas de união. Prepare-se para uma revolução nos padrões de vida que desafia as normas e redefine o que significa envelhecer com satisfação pessoal.


 

Por Felipe Xavier — OAB/MT 16.524

WhatsApp: 65 99950-2600

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